Saturday, February 27, 2010

Review dos EP's The Ramblers e Infestus por Bernardo Barbosa (Hype Light)

Bernardo Soares descreve-se a sí e ao seu blog da seguinte forma: "Hype Light é um blogue onde novas e velhas bandas do underground português têm a oportunidade de obter do seu trabalho uma review séria e imparcial. Apesar de não dispor de doutoramentos em musicologia ou jornalismo musical, possuo alguns conhecimentos ao nível de música (que contudo não ultrapassam os de um ouvinte fervoroso) de todos os géneros, embora admita uma ligeira ignorância no que diz respeito ao Metal e ao Rap convencional."

Estas foram as suas reviews dos dois Extensive Plays lançados pelo Circus Maximus até agora:

Infestus | Tigre




Tigre é daquelas coisas muito especiais a aparecerem por aí. Primeiro, porque é o EP mais completo que tem aparecido nos últimos tempos, se bem que os 35 minutos de duração ajudam. Segundo, porque é da melhor electrónica que tem surgido. Terceiro, porque serve um propósito de influências Dance e não só que tornam tudo isto numa mistela electronicó-cultural impressionante. Vejamos:

Uma Vida Pela Frente é um festim de electrónicas progressivas que desata a determinada altura num delírio sonoro; Eu E Tu (Ela) é música de bater o pé com uma bassline matadora e uns samples vocais bastante interessantes (a lembrar qualquer coisa muito funk); Mortalha Barato é aquela música para droga que não pode faltar num álbum que traz consigo o conceito Dubstep: uma espécie de reggae distorcido sob uma batida e um bass muito dub; Mourão Dub, por sua vez, é o mais estranho e talvez melhor momento do EP, uma música de fusão que junta uma espécie de acordeão obscuro com uma bassline e alguns arranjos muito pop/rock; Essa Cana Aí explora samples de forma excelente e fornece-lhes uma atmosfera muito Dubstep; Bitch Queen Boogie tem tudo o que o seu nome indica: anos 80, trompetes da época e ainda uma batida muito cool que parece ter saído da primeira House e descende um pouco do Disco; Amar Assim põe um fim ao muito bom EP e é também uma música muito complicada de descrever, que vejo como uma fusão da primeira e segunda faixa, com uma guitarra muito bem metida pelo meio.

E com uma descrição destas, podia este não ser um EP que vale a pena?


The Ramblers | The Ramblers




A Circus Maximus, mais jovem netlabel nacional, provou um começo interessante com o EP de música electrónica assinado por Infestus, uma das melhores cenas que ouvi este ano. A sua segunda edição (EP homónimo de 5 músicas e 23 minutos dos The Ramblers) chegou ao Hype Light e veio creditado como Blues. A sonoridade da banda assenta-se precisamente nas influências norte-americanas, seja da música negra ou do rock'n'roll. O que significa que aqui hão-de encontrar uma boa dose de ritmo, guitarras no ponto, um orgão que eu considero especialmente fantástico e ainda uma vocalista carismática. São, estes, de resto, os pontos fortes deste colectivo. E não se enganem: esta é música feita por sujeitos que, se não são profissionais, tocam como tal. E está a muitas milhas de tudo o resto que podem encontrar no netáudio; isto é música de sempre e para todos. Uma compilação sonora de muitos anos de cultura americana e do bom-fazer rock. Seja pelo solo de guitarra em Bad Luck Soul, pela voz de "Rosie" em Devil's Gospel ou pelos intrigantes 6 minutos de Blues Nest, saquem isto que não é coisa que se ofereça muitas vezes. Nota-se contudo, e mais para aqueles cultores indie que andam aí, uma falta de personalidade que pode ser preocupante e que se pode revelar um entrave no caminho de uma banda que tem a capacidade técnica de fazer música capaz de cativar Portugal inteiro e de não deixar ninguém indiferente. Mas sobre isso, esperemos. Esta ainda "só" foi uma primeira amostra.

in: Hype Light @ http://hypelight.blogs.sapo.pt/


Download Infestus EP

Download The Ramblers EP

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